Sonhadoras do Vestido Branco

“Quando eu me casar quero que seja assim… Quando eu me casar vou vestir branco… Quando eu me casar vai tocar a música x… Quando eu entrar na Igreja vou ser a mulher mais feliz do mundo… Quando eu me casar… Quando eu me casar… Quando eu me casar…”

Há mulheres que são sonhadoras do vestido branco. Elas não concebem uma vida em que não entrem na Igreja, de vestido branco de roda, com flores na mão, numa marcha cuidadosamente ensaiada, de braço dado com o pai. Um piano do lado direito que tocará levemente uma música que tem um significado especial para ela e que foi pensada e repensada durante anos a fio. O homem que escolheram para ser o da sua vida estará do lado dela, em frente, tem a escolha da felicidade que (se) quer eterna.

É assim que concebo o dia mais feliz da minha vida! Aquele que, segundo uma grande amiga, “será uma choradeira” (de felicidade, claro está!). Quero ter a minha escolha à minha espera. Caminharei passo a passo, decididamente calma, para o alcançar. Estarei com um leve sorriso na minha face, simplesmente maquilhada, com um vestido branco de princesa e umas flores delicadas na mão. “Our love will be forever”… e a cada nota desta música o meu olhar ilumina-se e o meu sorriso engrandece. Vejo cada amigo meu, cada pegada do meu caminho até ali! Tenho a minha família de sangue e do coração do meu lado direito e estarei feliz (á repeti demasiado esta palavra?)! As pessoas dele estarão do lado esquerdo, do lado do meu coração, porque já as considero minhas também.

Finalmente alcanço-o e dou-lhe a mão (gelada de nervosismo!!!) como quem segura a vida. Ali estaremos, lado a lado, até ao momento de dizer sim e pôr aquele pequeno anel dourado, símbolo da nossa aliança para a vida!
Este dia será assim, perfeito na sua imperfeição (tenho a certeza que em algum momento vou tropeçar!). Levarei cada memória no meu coração… As fotografias habituais, o filme, o perguntar se estão a gostar, as lembranças, os convites e a mensagem especial dos noivos, os agradecimentos e a festa!

Sairei com ele de braço dado, já depois de ter decidido, com as minhas flores, o destino de alguém que ainda não encontrou O especial (aposto que será uma amiga minha e eu ficarei super feliz!!!). Iremos felizes, sabendo que ali começa a nossa maior aventura…

E acordo… e se um dia é tarde demais?

Os homens de 30… Sem compromisso!

Ouço um bom jazz, sentada no meu sofá com uma taça de vinho. Penso na noite passada! Que noite! Não, nem tudo o que é uma boa noite é sexo (grande parte é, mas desta vez não!).

Tudo começou com aquele jogo de olhares, quando sabemos o que queremos da outra pessoa e quando ela sabe perfeitamente aquilo que eu quero! Aquele olhar bem no fundo dos olhos, com alguns metros de distância, aquele pequeno esgar de um sorriso malicioso, o levar a palhinha da morangoska à boca!

Eu sou uma miúda de vinte e tais, que só quer aproveitar a vida, após um daqueles amores arrebatadores, próprio da idade. Ele é um daqueles homens de trinta e tais, que só quer ter uma vida sem compromissos, depois de já se ter metido numa qualquer relação séria, casamento e até filhos.

Como ele, tantos outros na rua. Parece que agora é moda. Ser um “bon vivant”! Tantos mas tantos! Todos nos trinta, com os seus sorrisos maliciosos, bem cuidados, de bem na vida, corpos inacreditáveis (melhores do que muitos de vinte). Tantos e todos à nossa escolha…

Todos eles são um alvo mais ou menos fácil se quisermos apenas divertimento. Aliás, essa será a primeira coisa que eles irão esclarecer, a sua situação sentimental não disponível: “Quero apenas curtir a minha vida, não sou de compromissos”. Parece que ainda têm aquele preconceito de que as mulheres facilmente cairão nas teias do amor após uma noite mais ou menos quente (dependendo da performance, que nesta idade pode deixar a desejar). O melhor é deixar bem claro, “se fosse para casar eles não seriam a nossa primeira escolha”. Claro está que não devemos deixar de mostrar o nosso lado apaixonado (pela vida!), para parecer que se mantém aquela chama com que eles tanto gostam de brincar.

Estes homens de 30… sem compromisso são assim, um jogo! Puro nas estratégias, de ataque e defesa. Aquilo a que se chama o jogo do gato e do rato. Eles farão de tudo para nos deixar viciadas, neste movimento que se perpetua de nos provocarem e saírem. Nós ficaremos ali, tentando… até aparecer outro rato ou mesmo um novelo de lã bem mais desafiante!

Será que desta vez a gata apanha o rato?